Solidariedade, respeito e justiça: verdadeiros significados da paz

24 de fevereiro de 2014

Cardeal Erdö intervém no encontro KEK/CCEE em Belgrado

BELGRADO, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – A paz não é meramente a ausência de conflito; de fato, envolve uma série de realidades e valores, como a solidariedade, o respeito, a justiça e a igualdade.

O cardeal Peter Erdö, presidente do Conselho da Conferência Episcopal da Europa (CCEE), recordou isso na sexta-feira passada, durante seu discurso em Belgrado (Sérvia), na reunião anual do Comitê Misto da Conferência das Igrejas Europeias (KEK) e do CCEE, realizada de 17 a 20 de fevereiro.

Após a reunião de 2009, que tratou da proteção da criação, e a de 2010, sobre a emigração, neste ano se abordou a questão da paz e da contribuição que os cristãos estão chamados a dar para a sua plena realização.

Em seu discurso, o purpurado explicou que o fato de que geralmente o termo “paz” seja entendido como ausência de guerra ou ausência de conflito armado “é certo e justo”, mas “a verdadeira paz significa muito mais” que isso, observou.

“Podemos falar de paz quando as pessoas no mundo são discriminadas por sua nacionalidade ou religião? – perguntou ele. Como se pode falar de paz nos países em que tantos cristãos são privados da liberdade religiosa e ameaçados em sua existência física, com formas graves de discriminação (psicológica, econômica e cultural) que, por vezes, se traduzem em verdadeiras perseguições?”

Frente a isso, existe claramente a necessidade de “buscar formas novas e efetivas de solidariedade com nossos irmãos”.

Para muitos, a paz – acrescentou – “significa também certa tolerância passiva ou um acordo tácito de deixar-se reciprocamente ‘em paz’, para que os direitos individuais sejam respeitados”.

“A insuficiência deste conceito de tolerância superficial é evidente nos casos – cada vez mais frequentes – em que a opinião ou os interesses de uma minoria contraria os direitos da maioria, inicia uma batalha legal sob o disfarce da não-discriminação, começa a obrigar a maioria a renunciar aos seus próprios direitos comuns e tradições culturais.”

“A paz do Senhor se fundamenta na verdade de Deus e do homem, (…) convida-nos a descobrir a beleza e a riqueza das diferentes formas de identidade e de comunhão”, afirmou.

Em concreto, a paz de Cristo convida a reconhecer três elementos fundamentais: “a importância fundamental da diversidade dos indivíduos na família e na sociedade, que não é contrária à sua necessidade de ter direitos iguais”; “o valor das nações como comunidade de língua, história, cultura, experiências históricas, tradições religiosas”; e o fato de que a paz “tem certamente uma dimensão econômica”.

O cardeal Erdö também destacou como a presença dos delegados KEK/CCEE em Belgrado é “um sinal importante” do desejo de paz dos cristãos; além disso, reconheceu que “a unidade das igrejas cristãs não pode ser construída apenas através de um ‘acordo de paz’ confessional sobre o mínimo denominador comum”.

Neste contexto, citou o Papa Bento XVI, lembrando que “o nosso dever é prosseguir com paixão o caminho em direção a esse objetivo, com um diálogo sério e rigoroso, para aprofundar na herança teológica, litúrgica e espiritual comum; com o conhecimento mútuo; com a formação ecumênica das novas gerações; e, sobretudo, com a oração e a conversão do coração”.

(Roberta Sciamplicotti)

Fonte: www.cleofas.com.br