Durante os voos de suas peregrinações internacionais
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 24 de março de 2011 (ZENIT.org) – “Uma ideia ‘genial’, que nos restitui João Paulo II, com sua espontaneidade, muito mais do que os numerosos discursos que constituem seu magistério.” O cardeal Roberto Tucci, que foi o organizador da viagem do papa Karol Wojtyla, acolheu com entusiasmo o livro “Companheiros de viagem. Entrevistas voando com João Paulo II” (“Compagni di viaggio. Intervista al volo com Giovanni Paolo II”, ‘Libreria Editrice Vaticana’), editado pela vaticanista Angela Ambrogetti e apresentado ontem na sede da ‘Rádio Vaticano’.
O livro inclui material, em sua maioria inédito, do arquivo de áudio da ‘Rádio Vaticano’. O Pe. Federico Lombardi, diretor da ‘Rádio Vaticano’, disse que “hoje, as palavras que o Papa Bento XVI dirige aos repórteres em voos internacionais são cuidadosamente transcritas pelos próprios jornalistas, às vezes transmitidas por telefone e às agências ainda durante o voo”.
“As respostas aos jornalistas – acrescentou o cardeal Tucci – demonstram que João Paulo II não tinha medo de falar com eles, mesmo quando era provável que lhe dirigissem perguntas difíceis.” O Papa não evitava o diálogo “e não deixava de responder, talvez com ironia”.
Nunca falava ‘off the record’ (com o microfone desligado), confirma a “vaticanista” madrilena Paloma Gómez Borrero, que participou das 104 viagens de João Paulo II fora da Itália: “Ninguém nunca nos pediu para manter reserva sobre o que o Pontífice havia dito nos voos”.
A antiga correspondente de ‘Televisión Española’ explicou como o diálogo com os jornalistas complementava e integrava o que ele diria mais tarde nos discursos oficiais: “O que ele nos disse, por exemplo, na viagem a Cuba, sobre a situação do país, sobre os direitos humanos, sobre as detenções, estava intimamente ligado ao que ele disse depois na ilha”.
As conversas com os jornalistas mostram precisamente, segundo o cardeal Tucci, “o conhecimento que o Pontífice tinha do país ao qual se dirigia, quer através de relatórios enviados a ele pela Secretaria de Estado, quer através de encontros anteriores com os bispos desses países”.
“Ao retornar de uma dessas viagens para preparar as visitas papais – revelou Tucci -, Wojtyla nunca me pedia detalhes sobre o programa acordado, mas quais eram, do meu ponto de vista, as necessidades dessa Igreja neste momento histórico.”
“Nem evitava as visitas que pareciam mais críticas: ‘O Papa deve visitar precisamente a Igreja que mais precisa dele'”, dizia Karol Wojtyla.
Viagens e conversas com a imprensa eram, de acordo com Gianfranco Svidercoschi, outro “vaticanista” histórico, italiano, que conhecia João Paulo II desde antes de ser Papa, “uma expressão da sua ideia de Igreja que se abria à modernidade, sem se deixar manipular”. “A viagem, disse Karol Wojtyla em uma entrevista, já é comunicação, pois acrescenta a presença à palavra.”
Segundo o sacerdote salesiano Giuseppe Costa, diretor da ‘Libreria Editrice Vaticana’, “também oferece um testemunho sobre o valor do jornalismo, muito além dos estereótipos, com a capacidade de compreender, através de entrevistas, o significado da nossa história recente”.
(Chiara Santomiero)
Fonte: www.cleofas.com.br