Descoberta de ossos suspende obra de restauração da Catedral Metropolitana de Florianópolis
Na semana passada, uma inesperada descoberta interrompeu a terceira fase das obras de restauração da Catedral Metropolitana de Florianópolis, em Santa Catarina. Foram encontrados ossos humanos durante a remoção do assoalho da Capela Nossa Senhora das Dores. Segundo o presidente da Comissão de Restauração da Catedral, Roberto Alvarez Bentes de Sá, a descoberta “pegou todos de surpresa”, e o trabalho no local precisou ser suspenso temporariamente.
O presidente da comissão explica que, logo após a ossada ser encontrada, o procedimento imediato foi comunicar o ocorrido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que, em seguida, autorizou a contratação de um arqueólogo para os trabalhos de pesquisa. A principal hipótese é de que os restos mortais sejam de integrantes de uma fraternidade formada por seguidores de São Francisco de Assis, chamada de Ordem Terceira.
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Presidente da Comissão de Restauração da Catedral mostra local onde foram encontrados os restos mortais
“No local da atual Capela de Nossa Senhora das Dores, funcionava, por volta de 1762, a Capela da Ordem Terceira. E era hábito, na época, os mortos da Ordem serem sepultados na própria Capela, até que em 1840 foram proibidos tais procedimentos”, completa Bentes de Sá.
No entanto, o presidente ressalta que a escassez de documentação histórica da Catedral dificulta o resgate de informações, pois o que se sabia até então era que, por volta de 1815, os corpos sepultados no local teriam sido removidos para a Igreja São Francisco, na própria cidade de Florianópolis. O que esclarece a surpresa do presidente com o achado. Ele não descarta também a possibilidade de existirem outras ossadas embaixo de toda e extensão da sala, que mede cerca de 70 metros quadrados.
De acordo com Bentes de Sá, nenhuma escavação foi feita no local, mas os ossos podem ser vistos em diferentes tamanhos e lugares assim que são removidos os tapumes. Para evitar danos ao material encontrado, ninguém pode entrar sem autorização, e a porta que dá acesso para o espaço está interditada.
Bentes destaca que, apesar da importância da descoberta, ela representa um grande atraso na conclusão das obras. “Estamos na dependência da liberação do espaço pelo IPHAN para darmos continuidade ao processo de restauração”, lamenta.
As obras na Catedral começaram em 2005, e a inauguração da terceira fase da revitalização, que consiste na criação de um espaço museal, restauro da Sacristia e da Capela Nossa Senhora das Dores, estava marcada para o dia 8 de outubro. Mas por causa da paralisação na reforma a data teve que ser adiada. A previsão é de que ocorra até o final de novembro próximo ou na primeira quinzena de dezembro.
“Esperamos que tudo se resolva logo e que os trabalhos possam ser retomados o quanto antes, pois a reforma tem um significado todo especial para a arquidiocese de Florianópolis: a preservação do prédio e da história da Catedral da cidade. É um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e buscamos reconstituir, ao máximo, as formas e espaços criados na época da sua construção”, conclui Bentes de Sá.
Fonte: Gaudium Press