Cristiano Ronaldo está vivo graças a um objetor de consciência

22 de julho de 2014
b2ap3_thumbnail_download.jpgEm uma autobiografia publicada nos últimos dias, a mãe do talentoso português disse que queria fazer um aborto, mas o médico se recusou a fazer a intervenção

Por Federico Cenci

ROMA, 21 de Julho de 2014 (Zenit.org) – Setenta prêmios individuais, incluindo duas bolas de Ouro e um Fifa World Player, uma série de troféus levantados com as camisetas do Sporting Lisboa, Manchester United e Real Madrid. E, novamente, uma enorme quantidade de recordes que requer uma boa dose de paciência para aqueles que querem ler todos, assim como dois dos mais altos prêmios concedidos pelo Estado de Portugal. Porém, um pequeno grande mérito para estes prêmios é devido a um desconhecido médico Português. Pequeno como o corpinho ainda frágil e indefeso que cresce dia a dia no ventre de uma mulher, grande como o gesto nobre de quem realiza com profissionalismo e fé o próprio trabalho e consegue, assim, salvar uma vida humana do aborto.

No já distante 1984, a vida que este homem salvou foi a de Cristiano Ronaldo, um dos jogadores mais fortes e prolíficos em termos de gols realizados nos últimos anos. Foi a própria mãe do eixo do Real Madrid e da Seleção portuguesa que revelou a história que está nos bastidores na autobiografia, Mãe Coragem, publicada sexta-feira passada em Portugal. A mulher, cujo nome é Dolores Aveiro, diz em uma das passagens mais comoventes do livro a sua situação, quando ela descobriu que estava grávida daquela criança que mais tarde se tornaria o famoso Cristiano Ronaldo.

“Naquela época, eu já tinha 30 anos e três filhos, não parecia apropriado lidar com um novo nascimento e ampliar a família, então procurei um médico, que, porém, se recusou a fazer a cirurgia”, explica. Passava por um tempo bem sombrio na sua casa, dar de comer aos filhos Hugo, Elma e Cátia Liliana, a cada dia, era um desafio cada vez mais difícil com um marido, José Diniz, desempregado (morreu em 2005 devido ao álcool) e com as poupanças reduzidas a nada.

Mas a relutância e a tentativa de desencorajá-la do aborto, por parte do médico, não tiraram as suas intenções, que mesmo assim tentou interromper a gravidez com um “remédio caseiro” sugerido por uma amiga: “Me disse para beber cerveja escura e quente. Assim a criança teria morrido”.

A cerveja, no entanto, não conseguiu parar a energia vital daquele coração batendo no ventre de Dolores. Depois de algumas horas de tomar a bebida potencialmente assassina, na parte inferior do abdômen continuava a reinar a paz. Sinal da ineficácia do “remédio caseiro”. Pouco a pouco, a mulher – já acostumada ao aleitamento, às fraldas e choros noturnos – decidiu ter também o quarto filho. “Se a vontade de Deus é que esta criança nasça, assim seja”, foi o seu pensamento mais íntimo.

No dia 5 de fevereiro de 1985 em uma cidade das Ilhas Selvagens, um pequeno arquipélago do Oceano Atlântico mais perto das costas africanas do que das portuguesas, nasceu Cristiano Ronaldo. Uma criança forte e saudável, veio à luz em uma cidade anônima e que teria se tornado famoso em todo o mundo devido ao seu talento futebolístico único.

Um bastidor muito delicado, que a mãe decidiu publicar com a permissão prévia de seu filho Cristiano, o qual, hoje, ainda tem a força de fazer piada do tema: “Viu, mãe, você queria me abortar e agora sou eu que controlo as finanças em casa”. E pensar que a tentação de interromper a gravidez surgiu das suas dificuldades econômicas. Se aquele médico não tivesse permanecido fiel ao seu juramento e, portanto, firme em sua oposição sobre o aborto, hoje o mundo do futebol teria uma grande estrela a menos no seu firmamento. E o firmamento – se sabe – para observá-lo temos que olhar para cima. É por isso que a objeção de consciência é sempre um gesto dirigido para cima. (Trad.T.S.)

fonte: ZENIT.