Cidade do Vaticano, 23 nov (RV) – Foi apresentado na manhã desta terça-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, o livro-entrevista “Luz do Mundo. O Papa, a Igreja, os sinais dos tempos. Uma conversa do Santo Padre Bento XVI com Peter Seewald”.
O volume, publicado pela Livraria Editora Vaticana, sairá nesta quarta-feira, dia 24. Fruto de uma semana de conversações – no verão europeu passado – entre o Papa e o jornalista alemão, o livro conta cerca de 280 páginas: nele, o Pontífice responde a mais de 90 perguntas.
Participaram da apresentação, além do Diretor da Sala de Imprensa vaticana, Pe. Federico Lombardi, o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, e o Vaticanista Luigi Accattoli. Encontravam-se presentes, entre outros, o jornalista alemão autor da entrevista com o Papa, Peter Seewald, e o Diretor da Livraria Editora Vaticana, Pe. Giuseppe Costa.
Um livro único, um presente à Igreja e ao mundo, que desafia o homem do nosso tempo à conversão do coração: foi assim apresentado o volume “Luz do mundo”, numa Sala de Imprensa vaticana lotada, na presença, entre outros, do Secretário particular do Papa. Mons. Georg Gänswein.
Pe. Lombardi disse aos jornalistas ter perguntado na noite desta segunda-feira ao Santo Padre quais as razões deste livro-entrevista, o motivo de uma escolha tão original:
“Por que o Papa concedeu esta entrevista? Porque pensou que falar às pessoas de hoje numa linguagem simples, coloquial, acerca de muitas questões sobre as quais as pessoas se interrogam, fosse uma boa coisa que ele poderia fazer. A entrevista concedida nasce de uma intenção pastoral, de uma intenção de comunicação simples, de disponibilidade a responder às questões do mundo, às perguntas das pessoas de hoje.”
Em seguida, foi a vez da participação do Arcebispo Fisichella, que, em primeiro lugar, ressaltou a humanidade de Bento XVI, que se entrevê nas páginas do livro-entrevista. Um livro no qual o Papa abre o coração da sua vida cotidiana:
“Estamos diante de um Papa que não se esquiva de nenhuma pergunta, que quer esclarecer tudo com uma linguagem simples, mas nem por isso menos profunda, e que aceita com benevolência aquelas provocações que muitas questões apresentam. Contudo, reduzir toda a entrevista a uma frase extraída de seu contexto e do conjunto do pensamento de Bento XVI seria uma ofensa à inteligência do Papa e uma instrumentalização gratuita de suas palavras.”
“Familiaridade, confidências, em alguns momentos ironia, mas, sobretudo, simplicidade e verdade – disse Dom Fisichella – são os traços característicos deste colóquio” em que Joseph Ratzinger faz “o grande público partícipe de seu pensamento”:
“A impressão que se tem é de um Papa otimista sobre a vida da Igreja, apesar das dificuldades que sempre a acompanharam.”
O Papa – prosseguiu o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização – não se deixa intimidar pelas cifras das pesquisas, porque a verdade tem outros critérios. E, todavia – frisou o Arcebispo – o livro ajuda a dissipar fáceis e superficiais interpretações:
“Estas páginas, de certo modo, deixam transparecer com clareza o pensamento do Papa e alguns deverão rever suas posições em face de descrições inconsistentes apresentando-o como um homem obscurantista e inimigo da modernidade.”
Por sua vez, o autor da entrevista, Peter Seewald, quis ressaltar que não houve nenhuma censura do Papa sobre as perguntas. E que, pelo contrário, mostrou-se atento a deter-se sobre cada questão, mostrando ser um verdadeiro homem do diálogo.
O jornalista alemão, que já havia publicado dois livros-entrevista com o então Cardeal Ratzinger, disse em seguida que encontrou um homem igualmente brilhante e dotado de uma extraordinária força intelectual, mas, sobretudo, espiritual, muito próximo a Deus.
Durante a coletiva, muitas das perguntas dos jornalistas, provenientes do mundo inteiro, se concentraram nas antecipações relacionadas à resposta do Pontífice sobre o uso do preservativo no contexto do combate à AIDS. Dom Fisichella explicou que não se pode descontextualizar a passagem do livro, cujo texto se apresenta de forma coloquial e não é, portanto, um ato magisterial:
“Em primeiro lugar o Papa, quando fala neste livro, está respondendo à pergunta relacionada à viagem à África e sobre como essa viagem foi completamente ofuscada por uma única pergunta e por uma resposta em relação ao uso do preservativo. Portanto, o Papa desenvolve um raciocínio em relação ao tema da sexualidade e da corporeidade: é dentro desse argumentar que se deve inserir o que o Papa afirma.”
Por sua vez, Seewald definiu como “ridículo”, senão “penoso”, que grande parte da imprensa mundial tenha se concentrado unicamente nesse tema específico.
Também Pe. Lombardi respondeu a perguntas sobre o tema, precisando, em primeiro lugar, que a sua nota explicativa sobre a correta interpretação às palavras em questão tinha sido vista e aprovada pelo Papa, e que erros na tradução do original alemão no caso do exemplo feito pelo Pontífice, não mudam a substância da resposta.
O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé reiterou que a humanização da sexualidade é o verdadeiro objetivo a que se propõe Bento XVI:
“A contribuição que o Papa quis dar não é de uma discussão técnica, com linguagem científica de problemas de moral. Isso não é tarefa de um livro dessa natureza: não quer tirar o trabalho das Congregações e da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso não usou “mal menor”, dúplice efeito” ou outras fórmulas clássicas particulares, mas quis usar uma linguagem muito coloquial e que todos pudessem entender. Falar de um primeiro passo na direção da responsabilidade é usar uma linguagem ampla, que diz respeito à condição e à problemática de todos, e não das condições somente específicas ou internas à Igreja.”
Concluindo, Pe. Lombardi ressaltou que este livro-entrevista mostra uma grande coragem comunicativa de Bento XVI:
“Nós podemos ser gratos ao Papa por um ato de verdadeira coragem comunicativa. Como dizia, buscou falar com uma linguagem que as pessoas entendessem, uma linguagem acessível a todos. Quis abordar muitas questões, mesmo com o risco de suscitar discussões ou de nem sempre ser entendido perfeitamente. Por que? Porque ele assume a responsabilidade de mostrar a participação da Igreja e a sua em todos os problemas que o mundo hoje encontra.”
Por sua vez, o diretor da Livraria Editora Vaticana, Pe. Giuseppe Costa, afirmou que a primeira edição do livro já está para se esgotar e que uma nova edição já está pronta para 2 de dezembro próximo. (RL)
Fonte: Rádio Vaticano