Um verdadeiro “Plano Marshall” para a reconstrução das cidades e infraestruturas da Planície de Nínive, no Iraque, foi apresentado esta quinta-feira, 28, na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, durante a Conferência Internacional “Iraque, retorno às raízes”, organizada pela Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
No decorrer do evento foi apresentado o primeiro plano de reconstrução de 13 mil casas danificadas ou destruídas pelo Isis nos povoados cristãos da região, para possibilitar o retorno das famílias cristãs às suas casas, antes de terem sido expulsas por jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico em 2014.
A Fundação de Direito Pontifício estimou que o custo total para reconstruir toda a infraestrutura da Planície ultrapasse os 250 milhões de dólares. Apenas uma pequena parte deste montante foi recolhida até agora, graças às doações privadas ao organismo pontifício.
Os esforços realizados até agora já permitiram o retorno de cerca de 3.200 famílias cristãs aos povoados, num total de 14 mil. IAS já destinou no Iraque desde 2014, 42 milhões a diversos projetos.
Concretamente as reformas em 1.244 casas já foram concluídas e em outras 611 estão em andamento, em um universo de 13 mil danificadas ou totalmente destruídas.
Os Pressupostos necessários para a reconstrução, são a estabilidade e a segurança indicou o Patriarca caldeu de Bagdá, Louis Raphaël I Sako. “Sem a reconciliação, o que quer dizer reconstruir as casas? Depois poderão ser novamente destruídas. A coisa mais importante é a cultura, a mentalidade: esta gente deve sair desta cultura de violência. Sempre guerras, sempre violência, sempre vingança: é preciso educar as pessoas para viverem juntas, com a paz, com o respeito, com a colaboração e a boa intenção”.
O Presidente internacional da AIS, Cardeal Mauro Piacenza, sublinhou por sua vez porque é indispensável apoiar uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, exemplo e testemunho de fé para todos os fiéis.
“É importantíssimo em nível cristão e em nível religioso no mundo, porque é uma presença que remonta aos tempos apostólicos e portanto existe uma linha de continuidade que não é somente romântica, mas é uma continuidade que incide justamente na formação da pessoa e na formação da mente cristã. E depois é muito importante por um fato de civilização, porque não podem desaparecer repentinamente como neve ao sol, as comunidades que marcaram na história linhas determinantes”, disse.
A Conferência também contou com a presença do Núncio Apostólico no Iraque e na Jordânia, Dom Martin Ortega, que respondeu às perguntas sobre o referendum para independência do Curdistão, que pode minar o frágil equilíbrio no Iraque.