O verdadeiro dom do amor é o dom de si. Consiste não em dar algo a alguém, mas sim, em dar a si próprio; sem reservas. O amor transforma, cura; é paciente; tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acabará (I Cor 13).
Numa sociedade onde muitos – ainda hoje – empenham-se em romper com os valores familiares, com a vida, onde a pessoa passa a ser tratada não como alguém, mas como algo, surge uma mulher, simples, mas com grande amor, que se torna um farol, cuja luz iluminou aqueles que encontravam-se nas trevas do desamor, desprezo, desesperança e morte. Esta mulher chama-se Agnes Gonxha Bojaxhiu, comumente conhecida pelo seu nome de consagração: Madre Teresa de Calcutá.
A capacidade de amar a Deus dá-se, sobretudo, na medida em que a pessoa conforma-se e abraça a Cruz, pois é nela que estão as respostas para todos os sofrimentos da vida, e é por ela que o cristão entra na Vida Eterna, porque não existe Glória sem o Calvário, e é aos oito anos de idade que Madre Teresa começa a abraçar sua cruz – quando perde seu pai – e, assim, encontrar Jesus. Ensina, em seus dezoito anos, o valor da decisão, pois é nesta idade que deixa a casa de sua mãe – que a catequizou desde a tenra idade e que trabalhava como bordadeira – e decide ingressar na Casa das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto, na Irlanda, para tornar-se missionária. Quanta ousadia impelida pelo amor! Atualmente, as pessoas tanto reclamam que o “novo” de Deus não ocorre em suas vidas, mas esquecem que o “novo” de Deus só se realizará quando se permitirem serem pessoas novas.
Enviada para a Índia, faz seus votos religiosos e profissão perpétua, lecionando história e geografia em um colégio para o qual tinha sido enviada. Uma experiência forte com Cristo a faz compreender para que o Nosso Senhor a chamava, e foi quando, em 1946, Teresa escuta a voz do Senhor, e desperta, de forma específica, para a vocação que Deus escolhe para torná-la Santa, e ela, rendida aos braços deste infinito amor, decide amar aqueles que não eram amados pelos outros, isto é, “os mais pobres dentre os pobres” e, através da vida de oração e devoção à Santíssima Virgem, funda, em 1950, na cidade de Calcutá, a Congregação das missionárias da caridade, dom de amor para a Igreja no serviço ao próximo, como é evidenciado na primeira Carta de São Pedro: “Como bons administradores das graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu” (4,10).
Em 1965, no primeiro dia do mês de fevereiro, o Papa São Paulo VI, com o Decretum laudis, concede às missionárias da caridade o direito pontifício e, desde então, tendo o Espírito Santo como guia e o amor de Deus a inflamar seus corações, as irmãs, juntamente com outros missionários, difundem por todo o mundo, a semente de Deus nos corações dos mais exilados e pobres.
“Porquanto, cada árvore se conhece pelo seu fruto” (Lc 6, 44). Em 1979, é concedido à Madre Teresa de Calcutá o prêmio Nobel da Paz, consequência do agir de Deus na vida e em razão de sua doação pelo próximo. É ainda nomeada, pelo Papa São João Paulo II – cuja amizade tinha em grande estima – como embaixadora de todas as nações. Deus não faz obra alguma incompleta! No ano de 1987, recebe pelo Comitê Soviético da Paz, uma medalha de ouro, tendo alcançado, dois anos antes, a medalha da liberdade, nos Estados Unidos. Dois anos depois, realiza seu sonho de abrir uma casa da congregação na Albânia, sua terra natal. Deixa este mundo aos 87 anos de idade no ano de 1997 e, em 2003, foi beatificada pelo Papa São João Paulo II. Sua canonização deu-se em 4 de setembro de 2016, pelo Papa Francisco.
“Não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos. Não é o quanto damos, mas quanto amor colocamos em dar”. Esta frase de Santa Teresa sintetiza toda a sua vida, e o grande ensinamento que lega para toda a humanidade, é a experiência do amor que tudo constrói e reconstrói, é a certeza de que, nesta vida, vale mais não o que se leva, mas sim, o que deixa, fazendo de cada uma das ações, uma oportunidade de deixar a semente de Deus, pois como ela faz questão de dizer: “Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”.
Oração composta por Madre Teresa
Senhor, ajuda-me a derramar Tua fragrância aonde quer que eu vá. Inunda a minha alma com Teu Espírito e Vida. Penetra em mim e apossa-Te tão completamente de mim que toda a minha vida seja uma irradiação Tua. Ilumina por meu intermédio e apossa-Te de tal maneira de mim que cada Alma com que eu entre em contato possa sentir Tua Presença em minha Alma. Que, ao ver-me, não me veja a mim, mas a Ti em mim. Permanece em mim. Assim resplandecerei com Teu próprio resplendor, para que meu resplendor sirva de luz para os outros. E minha luz virá toda de Ti; nem o mais leve raio será meu. Tu és quem estarás iluminando os outros em meu redor. Que eu não Te pregue com palavras, mas com meu exemplo, com o influxo do que eu realize, com o fulgor visível do Amor que meu coração de Ti retira.
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Pe. William Bernardo da Silva
Pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo
Magalhães Bastos – Rio de Janeiro (RJ)
Fonte: RCC BRASIL.