Proteger-se dos doutores da lei que limitam os horizontes de Deus e minimizam o seu amor. Essa foi uma das passagens da homilia do Papa Francisco, na Missa desta quinta-feira, 15, na Casa Santa Marta. A reflexão de Francisco teve como foco o mandamento do amor e a tentação de querer controlar a salvação.
“Uma das coisas mais difíceis de entender, para todos nós cristãos, é a gratuidade da salvação em Jesus Cristo”. Papa Francisco desenvolveu a sua homilia destacando que São Paulo já havia encontrado grandes dificuldades em fazer os homens do seu tempo compreenderem que esta é a verdadeira doutrina.
Não se pode limitar os horizontes de Deus uma vez que seu amor não tem limites, lembrou o Papa, recordando as duras palavras de Jesus aos doutores da lei da época, que afastavam do povo a chave da gratuidade da salvação. Esses doutores da lei, explicou o Papa, pensavam que respeitando todos os mandamentos viria a salvação e quem não os respeitassem eram condenados.
Francisco observou que existem sim os mandamentos, mas a síntese de tudo é amar Deus e amar o próximo. E com essa atitude de amor, a humanidade fica à espera da gratuidade da salvação, porque o amor é gratuito. “Se eu digo ‘eu te amo’, mas tenho um interesse por detrás, isso não é amor, mas interesse”.
“Por isso, Jesus diz: ‘O amor maior é este: amar Deus com toda a vida, com todo o coração, com toda a força… e ao próximo como a ti mesmo’, porque é o único mandamento à altura da gratuidade da salvação de Deus. E acrescenta: ‘Nesse mandamento, estão incluídos todos os outros; a fonte é o amor, o horizonte é o amor’. Se você fechar a porta e levar embora a chave do amor, não estará à altura da gratuidade da salvação que recebeu. A luta pelo controle da salvação não se encerrou com Jesus e Paulo”.
Francisco mencionou que este ano se recordam 500 anos do nascimento de Santa Teresa d’Ávila, celebrada pela Igreja hoje. “Uma mística a quem o Senhor deu a graça de compreender os horizontes do amor. Ela também foi julgada pelos doutores de sua época. Aqueles santos, salientou o Papa, foram perseguidos por defender o amor, a gratuidade da salvação e a doutrina. Muitos deles, como também Joana D’Arc.
O Papa finalizou a homilia lembrando que esta luta não termina. Seria bom se cada um se perguntasse: ‘Acredito que o Senhor me salvou gratuitamente?’ Creio que não mereço a salvação? E se a mereço, é graças a Jesus Cristo e àquilo que Ele fez por mim?”
“Perguntemo-nos, porque somente assim seremos fiéis a esse amor tão misericordioso: amor de pai e de mãe, pois Deus também diz que Ele é como uma mãe conosco; grandes horizontes, sem limites nem limitações. E não nos deixemos enganar pelos doutores que limitam esse amor” .