O Papa Francisco fala de uma maneira que o povo entende. Em entrevista dada no avião que o levou as Filipinas (jan/2015), ele disse aos jornalistas que “os cristãos não precisam ter filhos em série”, se reproduzir como coelhos; e ressaltou que o que a Igreja defende é, como sempre, a “paternidade responsável”, contido na encíclica Humanae vitae, de Paulo VI, isto é, o casal deve ter todos os filhos que puder criar bem.
Ele contou que, há alguns meses, repreendeu uma mulher que estava grávida do oitavo filho, após sete cesáreas. “Esta é uma irresponsabilidade. ‘Não, eu confio em Deus’. ‘Mas, veja, Deus te dá os meios, seja responsável’.”
Mas, é importante notar que em nada o Papa alterou o que a Igreja ensina sobre o controle da natalidade e seus métodos. Ninguém vá pensar que o Papa está liberando os métodos artificiais. Nem de longe tocou nisso. O Catecismo da Igreja, fala claro sobre isso (§ 2368, §2399) e o Papa nunca falaria algo em oposição ao que está escrito.
Ele lembrou que “a abertura à vida é condição do Sacramento do matrimônio. Quem se casa tem de estar aberto a receber os filhos. O Catecismo da Igreja diz que “O instituto do Matrimônio e o amor dos esposos estão, por sua índole natural, ordenados à procriação e à educação dos filhos, e por causa dessas coisas o Matrimônio e o amor dos esposos são como que coroados de maior glória. Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais.” (n.1652)
O Papa recordou também que Paulo VI estudou essa questão da abertura à vida com uma comissão, como fazer para ajudar tantos casos, tantos problemas. E criticou os países nos quais o índice de natalidade não chega a 2,1 filhos por casal, que é o mínimo para que a população se mantenha estável. Ele afirmou que há países como a Itália e a Espanha que estão com níveis baixíssimos de natalidade. E chegou a dar uma média: acredita que três filhos é um número bom para a família a fim de manter a população, pois menos que isso ocasiona o outro extremo, que tem a Itália como exemplo: diz-se que em 2024 não haverá dinheiro para pagar os aposentados do país.É claro que isso não é uma norma que o Papa esteja fixando; é apenas uma sugestão sujeita a cada casal. Novamente, a palavra-chave é “paternidade responsável”.
Bento XVI já tinha dito que uma nação se filhos é uma nação se futuro; é o que aguarda a Europa se continuar assim. O número de pessoas idosas aumenta rapidamente; e essas pessoas estão aposentadas, gastando com saúde, hospital e medicamentos; pois têm direito a isso, trabalharam uma vida pela nação. Mas quem vai pagar essa conta se não nascem filhos? Quem vai sustentar a Previdência social? Onde estarão os braços para o trabalho e desenvolvimento. Os economistas já viram esse perigo; por isso que, o Japão, por exemplo, faz enorme campanha pelo aumento da natalidade.
E o Papa destacou algo muito importante: o outro aspecto dessa questão, o fato de que, para os mais pobres, um filho é um tesouro e Deus sabe como ajudá-los. “Talvez alguns não são prudentes nisso, é verdade. Mas é preciso olhar também para a generosidade daquele pai e daquela mãe que veem em cada filho um tesouro”. Na verdade, os pobres têm mais filhos que os ricos. Essa é a inversão que acontece. Aquele que poderia estar criando mais filhos, não quer tê-los; e aquele que não tem condições de cria-los, têm muitos filhos. É uma sociedade de cabeça para baixo, por falta de amor e excesso de egoísmo, medo e comodismo.
Por Prof. FELIPE AQUINO.