Acompanhamento pessoal e Senhorio de Jesus: desafios e graças

23 de maio de 2022

 750x410Uma graça que o Grupo de Oração nos possibilita é o conhecimento do Querigma, que consiste no anúncio de três verdades: Cristo morreu! Ressuscitou! Ele é o Senhor! Essas verdades são o itinerário da vida carismática rumo à pátria definitiva.

No entanto, nem sempre compreendemos os momentos que a vida nos proporciona. Há várias etapas de maturação, desde o nascimento até a nossa páscoa pessoal, por isso precisamos de orientação no caminho.

Essa orientação foi sendo compreendida a partir da experiência de muitas pessoas no caminho da vida espiritual. Para esclarecer mais: quem melhor responderia sobre as dores da Segunda Guerra Mundial? Aquele que sobreviveu a ela!

Da mesma forma, podemos compreender essa configuração a Cristo a partir do testemunho daqueles que estão no caminho a mais tempo e testemunham uma autêntica vida cristã.

A esse serviço damos o nome de Acompanhamento pessoal. E é sobre isso que vamos tratar nesse post.

Senhorio de Jesus – explicações e implicações.

Ao acompanhamento pessoal precede um acontecimento pessoal definidor de todos os nossos planos que é a experiência com o Deus vivo.

Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, nos fala sobre duas forças da frase “Jesus é o Senhor” – uma objetiva e outra subjetiva. A força objetiva é o fato histórico presente nas Sagradas Escrituras, ou seja, Jesus morreu por nossos pecados; ressuscitou para nossa justificação: por isso Jesus é o Senhor.

Já a forma subjetiva da frase “Jesus é o Senhor” depende de quem o pronuncia. Às vezes, disse Cantalamessa, ele se perguntava porque os demônios não pronunciavam esse título de Jesus. Eles o chamavam de Filho de Deus, de Santo, mas nunca de Senhor.

O fato de isso acontecer diz respeito à implicação desta afirmação. Pronunciar “Jesus é o Senhor” seria a tomada de consciência que os colocariam sob o Senhorio de Cristo e, se isso acontecesse, eles seriam transformados em anjos de luz, abandonando a condição de demônios.

Logo, essa palavra pronunciada de forma subjetiva, como decisão pessoal, significa colocar-se livremente sob o Senhorio de Cristo. É o mesmo que dizer: Jesus é o meu Senhor, é a razão de minha existência.

Para nós cristãos, pronunciarmos essa verdade é motivo de extrema felicidade e de grandes desafios, porque somos postos constantemente a provas por causa do amor ao Filho de Deus.

E de que forma podemos fazer a passagem do conhecimento histórico das Escrituras para a assimilação dessa verdade – Jesus Cristo é o Senhor?

Direção espiritual e acompanhamento pessoal

Antes de tudo, precisamos compreender a diferença entre direção espiritual e acompanhamento pessoal.

Direção espiritual é uma prática antiga da Igreja e era reservada apenas àqueles que tinham condições intelectuais para realizarem. Normalmente, era confiada aos bispos e alguns sacerdotes, e a vida religiosa era a quem mais se dirigia esse serviço.

A direção espiritual acontecia entre duas pessoas: o diretor e o dirigido, mas ambos dependiam da ação do Espírito Santo, aquele que caminha conosco, inclinando nossa vontade na direção da vontade de Deus.

E em que consistia a direção espiritual? Ela era um processo de transformação profunda centrada na pessoa de Cristo, que atingia o homem interior, conduzindo-o à semelhança de Cristo. Com o tempo, essa prática foi se estendendo a todos os batizados que buscavam o caminho da santidade.

Hoje, além da direção espiritual, que continua como uma prática na Igreja, dispomos também do acompanhamento pessoal.

Acompanhamento pessoal – auxílio no esvaziamento

Podemos dizer que após o Concílio Vaticano II, com a eclosão dos movimentos e novas comunidades, com o crescimento do protagonismo dos leigos na Igreja, o Espírito Santo suscitou novas formas de direção espiritual por causa do novo público que nascia.

Em vista de quê? Cantalamessa descreve: “A suprema contradição que o homem de sempre experimenta – entre a vida e a morte – foi superada. Mas a contradição mais radical não está em viver e morrer, mas entre viver para o senhor e viver para si mesmo”.

Com essas palavras, ele fala sobre um dos grandes dramas de quem descobre Jesus como Senhor de sua vida – esvaziar-se de si mesmo. Esse caminho de esvaziamento é, antes de tudo, um impulso do Espírito Santo e depois uma decisão pessoal tomada com o auxílio de uma autêntica espiritualidade.

Mas esse caminho de esquecimento de si e assimilação de Cristo é lento e progressivo. Não é feito sozinho, mas conta com o auxílio de quem já fez a mesma experiência. Por isso existe o acompanhamento pessoal para nos ajudar a fazer o caminho de assimilação do Senhorio de Cristo.

Quem é o acompanhador pessoal

O acompanhador pessoal é alguém que decidiu fazer o caminho de assimilação do senhorio de Jesus; não é um herói carismático, nem a pessoa mais conhecida do grupo de oração. Ele é um irmão (ã) no caminho da santidade.

Ela é uma pessoa capaz de ajudar alguém a relacionar-se com Deus, porque ela fez disso seu estilo de vida. É alguém que tem no coração a Palavra de Deus e na vida, os sacramentos. Que caminha com simplicidade, humildade e se deixa, também, conduzir por alguém.

Logo, o acompanhador pessoal é alguém que inspira confiança, mostra-se disponível à partilha e auxilia no discernimento da vontade de Deus em várias etapas da vida humana. É uma pessoa do Espírito Santo.

Ele (a) também é indicado (a) para essa missão e não se candidata a ela. Ser acompanhador é uma missão e não uma função. Logo, abrir-se ao acompanhamento pessoal é um ato de humildade para ambas as partes.

Sendo assim, há uma decisão também em ser acompanhado por alguém. Quando decidimos por Deus, fazemos a escolha de não caminharmos sozinhos, logo ter um acompanhador pessoal é dizer a nós mesmos: nunca mais sozinho.

Por fim, “a meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé para chegarmos à plenitude de Cristo” (cf. Ef. 4,13). Escolhemos o acompanhamento pessoal, porque nos decidimos por Cristo. Por causa Dele, desejamos crescer na vida interior e, se assim Ele quiser, podermos ajudar nossos irmãos no mesmo caminho.

Para crescer na vida interior, é preciso líderes bem formados. Aprofunde esse conhecimento lendo 7 características dos coordenadores na RCCBRASIL.

FONTE: RCC Brasil.