Entrevista com o arcebispo de Toronto sobre a ‘lectio divina’
TORONTO, quinta-feira, 24 de março de 2011 (ZENIT.org) – O arcebispo Thomas Collins, de Toronto, conduziu a ‘lectio divina’ na sua diocese durante 10 anos. Ele acaba de publicar um livro para compartilhar esta experiência com um público mais amplo. Veja a entrevista que ele concedeu a ZENIT.
ZENIT: O livro é descrito como uma “adaptação da antiga prática da ‘lectio divina’ aos católicos de hoje”. Que tipo de adaptação é necessária? Quais são as diferenças entre a antiga prática e a ‘lectio divina’ atual?
Dom Collins: A ‘lectio divina’ é basicamente uma leitura orante das Escrituras, é algo diferente do estudo da Bíblia (exegese), da proclamação da Palavra de Deus na liturgia ou da leitura contínua de longos trechos bíblicos. O objetivo é experimentar um encontro com o Senhor através da leitura orante um pequeno trecho da Bíblia. Isso foi feito de muitas maneiras pelos cristãos nos últimos 2 mil anos.
Em nossos tempos modernos, várias pessoas adaptaram esta prática de maneiras diferentes, quer em sessões abertas a todos, quer em privado.
A forma pública da ‘lectio divina’, que é o que eu ofereço, é um método simples de leitura orante de um pequeno fragmento da Bíblia. Espero que quem participe possa adaptar esta à sua oração privada diária.
ZENIT: O senhor poderia fazer um breve resumo do método de ‘lectio divina’ que propõe no livro?
Dom Collins: A forma como eu faço a ‘lectio divina’ está baseada em métodos utilizados por outros, com os ajustes à minha própria situação. As pessoas podem fazer isso de diferentes maneiras.
Eu começo com a oração solene das Vésperas na catedral, com o canto dos salmos. É uma prática antiga que enriquece a nossa vida moderna. Depois, saio e fico ao lado do santuário, às vezes dando alguma informação que pode ser útil para os fiéis para a oração do texto.
Há três fases na ‘lectio divina’:
Primeiro, fazemos o Sinal da Cruz, para começar o tempo dedicado à ‘lectio divina’. Nós precisamos nos situar conscientemente na presença de Deus, pedindo-lhe perdão pelos nossos pecados e afastando as distrações que nos impedem de ouvir a sua Palavra. Fazemos a oração do jovem Samuel: “Fala Senhor, que teu servo escuta”.
A segunda fase é a oração do texto sagrado. Primeiro, leio toda a passagem devagar, com uma voz forte, e peço a todos que considerem o que nos diz a nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos: isto é conhecer a Deus, amar a Deus, servir a Deus.
Após um período de silêncio, leio o primeiro versículo da passagem, e então faço algumas observações que me vêm à mente e encorajo as pessoas a passarem algum tempo em silêncio, refletindo sobre esse versículo. Este padrão é seguido com os outros versículos – texto, comentário, silêncio – e, finalmente, volto a ler o texto inteiro, que é seguido por outro momento de silêncio.
A terceira fase é a oração do Pai Nosso, Ave Maria, Glória e o Sinal da Cruz, antes de retornar à correria da vida cotidiana.
ZENIT: Bento XVI tem recomendado repetidamente a ‘lectio divina’. Em 2005, ele disse que, se “promovida eficazmente”, ela poderia trazer uma nova primavera para a Igreja. O que é uma promoção eficaz?
Dom Collins: Eu acho que é bom para um bispo ou padre dirigir uma forma pública de ‘lectio divina’ ou descrever esta forma de oração em palestras ou retiros. É uma maneira simples e profunda de encontrar Deus na Bíblia.
(Kathleen Naab)
Fonte: www.cleofas.com.br